Exmº
Senhor Ministro da Comunicação Social, Dr. Agnelo Regala
Caros
Jornalistas e Defensores dos Direitos Humanos
Minhas
senhoras e meus senhores
Permitam-me
em nome da Direcção Nacional da Liga Guineense dos Direitos Humanos saudar a
presença de todos, em especial do Senhor Ministro da Comunicação Social que
desde logo se comprometeu com este evento, disponiblizando o seu precioso tempo
para vir presidir ao encerramento deste Djumbai
com os jornalistas. Quero aqui, em nome da Liga e das organizações parceiras do
evento, expressar a nossa profunda gratidão pelo gesto.
Hoje
em dia, em quase todo mundo, os temas relacionados com os direitos humanos têm
constituído o quotidiano das redacções das mais importantes publicações,
noticiários e pragramas das rádios e televisões. Na Guiné-Bissau registamos com
enorme satisfação a evolução positiva que se tem vindo a registar na inserção
dos temas dos direitos humanos na agenda dos midias nacionais.
Todavia,
ainda se verifica a sobreposição das questões políticas as dos direitos humanos
e, dentre estes tem se dado maior prevalência aos direitos, liberdades e
garantias, deixando assim à margem da agenda dos midias nacionais os desafios
concernentes aos direitos económicos e sociais, nomeadamente, a saúde e a educação.
Para
ilustrar bem esta realidade, a LGDH denunciou há cerca de um mês a situação do
desaparecimento de um jovem de 16 anos, Nivaldo
cujos familiares apresentaram denúncia na PJ, mas até hoje não houve nenhuma
evolução positiva sobre o caso. Desde a denúncia, nenhuma imprensa nacional se
preocupou com o caso e se deu ao trabalho de retomar o assunto para questionar
as autoridades policiais sobre as diligências efectuadas para esclarecer a
situação.
Sé
é verdade que os órgãos de comunicação social constituem o alicerce e a espinha
dorsal da democracia e do estado de direito, não é menos verdade que uma
imprensa insensível as questões dos direitos humanos e igualdade de género, é
condenado ao sensacionalismo e ao fracasso. Por isso, a LGDH desde sempre
esteve ao lado dos órgãos de comunicação social procurando em colaboração com
os seus parceiros, soluções que visam dotá-los de ferramentas técnicas com
vista a fazer face aos desafios que a conjuntura lhes coloca.
A
comunicação social pode e deve jogar um papel fundamental na reflexão e no
esclarecimento de alguns temas mais controversos dos direitos humanos e na erradicação
de estereótipos e preconceitos sociais que põem em causa o pleno
desenvolvimento da nossa personalidade enquanto seres humanos iguais em
dignidade.
É
neste quadro que se insere esta sessão de diálogo informal “djumbai “ com o propósito de promover
espaços de reflexão sobre o papel dos meios de comunicação social, nomeadamente
dos jornalistas, como agentes responsáveis pela formação da opinião pública e
consciência colectiva sobre a realidade dos factos.
Os
orgãos de comunicação social têm um papel importante na consolidação do Estado
de Direito que se traduz essencialmente na divulgação dos instrumentos
interancionais e nacionais dos direitos humanos, na construção da consciência
colectiva inspirada nos valores da dignidade humana e na denúncia dos casos de
violação dos direitos humanos. Este
desiderato não é encarado, hoje em dia,
apenas como um dever social da imprensa, mas sim o modo e a forma de
fazer jornalismo no mundo moderno.
Ilustres participantes e caros
jornalistas,
Estou
seguro que estes quatro dias de reflexões e de partilha de experiência sobre as
mais diversas áreas dos direitos humanos, vos tenham servido para despertar consciência
e consolidar alguns conceitos sobre a necessidade de integrar os direitos
humanos na agenda dos orgãos de comunicação social nacionais, com a igual
acuidade reservada aos assuntos politicos.
Foi
com enorme satisfação que a Liga vos acolheu durante o vento que ora se encerra
e faço votos que haja mais iniciativas de género no futuro com vista a reforçar
a presença dos temas ligados aos direitos humanos, nas manchetes dos jornais,
nos tópicos principais dos noticiários radiofónicos e nas reportagens dos
telejornais.
Por
fim, gostaríamos de agradecer a presença de todos os órgãos e jornalistas aqui
presentes e de todos quantos contribuíram para que este djumbai seja uma
realidade, nomeadamente a ACEP e a União Europeia.
Ao
nosso amigo Pedro Mendes, um experimentado jornalista, que percorreu o
mediterâneo para vir partilhar a sua experiência e dar a sua contribuição neste
árduo, mas gratificante, processo de afirmação dos direitos humanos na
Guiné-Bissau, a nossa enorme gratidão.
Pela paz, justiça e direitos
humanos.
Um bem haja!