5 de agosto de 2014

DISCURSO DE ENCERRAMENTO DO SEMINÁRIO PARA OS JORNALISTAS SOBRE OS DIREITOS HUMANOS, PROFERIDO PELO VICE-PRESIDENTE DA LGDH AUGUSTO MĀRIO DA SILVA



Exmº Senhor Ministro da Comunicação Social, Dr. Agnelo Regala
Caros Jornalistas e Defensores dos Direitos Humanos
Minhas senhoras e meus senhores 

Permitam-me em nome da Direcção Nacional da Liga Guineense dos Direitos Humanos saudar a presença de todos, em especial do Senhor Ministro da Comunicação Social que desde logo se comprometeu com este evento, disponiblizando o seu precioso tempo para vir presidir ao encerramento deste Djumbai com os jornalistas. Quero aqui, em nome da Liga e das organizações parceiras do evento, expressar a nossa profunda gratidão pelo gesto.
Hoje em dia, em quase todo mundo, os temas relacionados com os direitos humanos têm constituído o quotidiano das redacções das mais importantes publicações, noticiários e pragramas das rádios e televisões. Na Guiné-Bissau registamos com enorme satisfação a evolução positiva que se tem vindo a registar na inserção dos temas dos direitos humanos na agenda dos midias nacionais.
Todavia, ainda se verifica a sobreposição das questões políticas as dos direitos humanos e, dentre estes tem se dado maior prevalência aos direitos, liberdades e garantias, deixando assim à margem da agenda dos midias nacionais os desafios concernentes aos direitos económicos e sociais, nomeadamente,  a saúde e a educação.
Para ilustrar bem esta realidade, a LGDH denunciou há cerca de um mês a situação do desaparecimento de um jovem de 16 anos, Nivaldo cujos familiares apresentaram denúncia na PJ, mas até hoje não houve nenhuma evolução positiva sobre o caso. Desde a denúncia, nenhuma imprensa nacional se preocupou com o caso e se deu ao trabalho de retomar o assunto para questionar as autoridades policiais sobre as diligências efectuadas para esclarecer a situação.
Sé é verdade que os órgãos de comunicação social constituem o alicerce e a espinha dorsal da democracia e do estado de direito, não é menos verdade que uma imprensa insensível as questões dos direitos humanos e igualdade de género, é condenado ao sensacionalismo e ao fracasso. Por isso, a LGDH desde sempre esteve ao lado dos órgãos de comunicação social procurando em colaboração com os seus parceiros, soluções que visam dotá-los de ferramentas técnicas com vista a fazer face aos desafios que a conjuntura lhes coloca.
A comunicação social pode e deve jogar um papel fundamental na reflexão e no esclarecimento de alguns temas mais controversos dos direitos humanos e na erradicação de estereótipos e preconceitos sociais que põem em causa o pleno desenvolvimento da nossa personalidade enquanto seres humanos iguais em dignidade.
É neste quadro que se insere esta sessão de diálogo informal  djumbaicom o propósito de promover espaços de reflexão sobre o papel dos meios de comunicação social, nomeadamente dos jornalistas, como agentes responsáveis pela formação da opinião pública e consciência colectiva sobre a realidade dos factos.
Os orgãos de comunicação social têm um papel importante na consolidação do Estado de Direito que se traduz essencialmente na divulgação dos instrumentos interancionais e nacionais dos direitos humanos, na construção da consciência colectiva inspirada nos valores da dignidade humana e na denúncia dos casos de violação dos direitos humanos.  Este desiderato não é encarado, hoje em dia,  apenas como um dever social da imprensa, mas sim o modo e a forma de fazer jornalismo no mundo moderno.


Ilustres participantes e caros jornalistas,
Estou seguro que estes quatro dias de reflexões e de partilha de experiência sobre as mais diversas áreas dos direitos humanos,  vos tenham servido para despertar consciência e consolidar alguns conceitos sobre a necessidade de integrar os direitos humanos na agenda dos orgãos de comunicação social nacionais, com a igual acuidade reservada aos assuntos politicos.
Foi com enorme satisfação que a Liga vos acolheu durante o vento que ora se encerra e faço votos que haja mais iniciativas de género no futuro com vista a reforçar a presença dos temas ligados aos direitos humanos, nas manchetes dos jornais, nos tópicos principais dos noticiários radiofónicos e nas reportagens dos telejornais.
Por fim, gostaríamos de agradecer a presença de todos os órgãos e jornalistas aqui presentes e de todos quantos contribuíram para que este djumbai seja uma realidade, nomeadamente a ACEP e a União Europeia.
Ao nosso amigo Pedro Mendes, um experimentado jornalista, que percorreu o mediterâneo para vir partilhar a sua experiência e dar a sua contribuição neste árduo, mas gratificante, processo de afirmação dos direitos humanos na Guiné-Bissau, a nossa enorme gratidão.
Pela paz, justiça e direitos humanos.

Um bem haja!