29 de julho de 2021

CONCURSO PARA O RECRUTAMENTO DE UM CONSULTOR NACIONAL

Termos de Referência

Consultoria – Revisão de Estatutos e Elaboração do Regulamento Interno da Liga Guineense dos Direitos Humanos   

 

I.               Contexto

 

A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) foi fundada em 1991, num contexto de partido único e de construção de alicerces de Estado de Direito, onde o exercício de direitos e liberdades fundamentais era fortemente limitado ou quase insignificante. Para fazer face a este contexto deveras hostil à defesa dos direitos humanos, a estrutura da organização foi delineada em moldes clássicas, senão minimalistas. Com efeito, as atribuições, a composição e funcionamento dos órgãos sociais bem como os direitos e deveres dos associados, foram moldados em função dos desafios que a época impunha, nomeadamente a luta pelo pluralismo democrático e pelas reformas legislativas, incluindo a constituição da república. 

 

Volvidos cerca de 30 anos de existência, a LGDH tornou-se numa organização incontornável na luta pela defesa da dignidade da pessoa humana e o Estado de Direito no plano internacional. Ao longo de tempo foram levados a efeito, uma serie de revisões aos estatutos que, infelizmente, ficaram aquém das expectativas, pois os seus instrumentos internos continuem desajustados ou anacrónicos.. 

Os desafios contemporâneos nomeadamente a globalização, o terrorismo, a criminalidade transnacional e a revolução tecnológica acirraram um novo panorama global no domínio dos direitos humanos, que, reclama abordagens e métodos inovadores. 

No plano nacional, a Guiné-Bissau continua a destacar-se pelo registo preocupante em direitos humanos, caracterizado pela impunidade generalizada, a precariedade laboral, o disfuncionamento do sistema judiciário, a degradação do sistema de ensino, a inexistência de um verdadeiro sistema de saúde, o tráfico de criança, o uso excessivo de força e a repressão policial. Esta realidade compele à LGDH a uma reestruturação profunda e inovadora cuja concretização reclama reformas internas. Para esta mudança de paradigma, é crucial que a LGDH esteja munida de instrumentos modernos de governação interna que lhe permita desenvolver eficazmente as suas atividades em função dos desafios contemporâneos. É neste quadro que se preconizam as revisões dos estatutos e a adopção de um regulamento interno versáteis e consentâneos com as prioridades nacionais e internacionais em direitos humanos.  

Esta ação inseres-se no quadro do Projecto “ Reforço de Capacidade de Resposta de Organizações de Defesa dos Direitos Humanos “ apoiada financeiramente pela Ação Ianda Guiné! Djuntu implementada pelo IMVF, no âmbito do Ianda Guiné! Nô Lanta Nô Pega, um Programa da União Europeia de Oportunidades Sociais e Económicas para a População da Guiné-Bissau. 

 

II Objetivos 

 

Ø Rever os estatutos para adaptar a visão e a estrutura da organização aos desafios contemporâneas e às prioridades nacionais e internacionais em direitos humanos; 

Ø Elaborar um regulamento interno para facilitar à operacionalização do processo de tomada de decisão e à responsabilização interna.  


III Tarefas do consultor (a) 

 

1-    Recolher informações sobre organização e funcionamento das estruturas da LGDH; 

2-    Explorar em termos de abordagem comparativa, modelos organizacionais mais adequada às necessidades da LGDH;  

3-    Proceder a uma análise exaustiva aos estatutos e propor alterações substanciais aos seus articulados em função das prioridades definidas pela Direção da organização em colaboração com os demais órgãos sociais;

4-    Elaborar um regulamento interno coerente, moderno e consentâneo com os estatutos revistos.

  

IV. Metodologia

 

-       Para a condução eficiente da avaliação, o consultor irá proceder à recolha de informações relevantes através de consultas e entrevistas com os membros da Direção da LGDH e demais órgãos sociais;

-       O/a consultor/a produzirá um plano de trabalho sobre o processo e a metodologia que serão seguidos bem como o prazo para concretizar as diferentes etapas do processo;

-       A consultoria será desenvolvida sob a supervisão de um Comité de Revisão composto pelos membros da Direção Nacional da Liga Guineense dos Direitos Humanos;

-       O Comité de Revisão terá como função monitorar o processo e assegurar o controlo de qualidade de produtos de consultoria, providenciar aconselhamento e tomar decisões sobre as propostas do/a consultor/a.

 

 

V - Resultados Esperados 

 

Ø Propostas de revisão de estatutos da LGDH definidas em função dos desafios contemporâneas e às prioridades nacionais e internacionais em direitos humanos;

 

Ø Proposta de regulamento interno elaborada com vista à operacionalização do processo de tomada de decisão e à responsabilização interna.  

 

 

 

VI- Perfil do (a) Consultor (a) 

 

Ø O (a) consultor (a) deve experiência mínima de 5 anos no domínio de direitos humanos, associativismo, e/ou trabalhos comunitários; 

 

Ø Possuir licenciatura em ciências sociais, nomeadamente Direito, Sociologia e Antropologia; 

 

Ø Ter conhecimento e experiência em organização e funcionamento das estruturas políticas, sociais e culturais na Guiné-Bissau; 

 

Ø Possuir uma grande capacidade de recolha e análise de informações e dados;

 

Ø Boa comunicação e excelente domínio de português (escrito e falado);

 

 

 

VII- Duração 

 

Ø A Presente consultoria tem a duração de um mês, incluindo a fase de consultas e auscultação da Direção Nacional e demais responsáveis da organização. 

 

IX- Documentação necessária e prazo de apresentação das candidaturas 

 

Ø Para efeitos de apresentação de candidaturas os interessados  (as) devem juntar os seguintes documentos:

 

1.     Carta de apresentação de candidatura dirigida ao responsável dos recursos humanos

2.     CV resumido 

3.     Certificado ou diploma de habilitação literária

 

Ø O prazo para a apresentação das candidaturas inicia no dia 28 de Julho de 2021, e termina no dia 4 de Agosto de 2021.


Ø As candidaturas devem ser remetidas por email através de: lgdh6@hotmail.com

 

 

 

9 de julho de 2021

NOTA DE CONDOLÊNCIAS

A Liga Guineense dos Direitos Humanos registou com enorme consternação a notícia que dá conta do falecimento, ontem dia 08 de Julho de 2021, do Venerando Juíz Conselheiro Augusto Mendes, que até a data da sua da morte, desempenhava as funçoes de juíz junto do Tribunal da Justiça da UEMOA.

Ao longo do seu intenso percurso de vida Augusto Mendes desempenhou com brio e abnegação várias funções públicas entre as quais se destacam as do Presidente do Conselho Nacional da Comunicação Social e da Comissão Nacional das Eleições.

Enquanto ativista dos direitos humanos, o malogrado foi uma das figuras de destaque na luta pela defesa da dignidade da pessoa humana, tendo desempenhado as funções do Presidente Interino da LGDH entre 1999 a 2000.

Todavia, o seu legado de amor à patria e perseverança na luta pelo respeito dos direitos humanos irão servir de fonte de inspiração a todos os ativistas da LGDH e não só.

Neste momento de dor e de tristeza, a Liga Guineense dos Direitos Humanos expressa o seu profundo pesar e endereça as suas mais sentidas condolências à família enlutada.  

Feito em Bissau aos 09 de Julho de 2021

                                                           A Direcção Nacional



ATOS TERRORISTAS CONTRA CIDADÃOS

A LGDH registou com estupefação os acontecimentos ocorridos hoje dia 5 de Julho de 2021, em Bafatá, que culminaram com as detenções arbitrárias e consequente espancamento de 3 jovens de diferentes organizações da sociedade civil local que pretendiam organizar um manifestação pacífica para exigir o direito à energia elétrica naquela cidade leste do país.
Segundo informações recolhidas pelas células de alerta precoce da LGDH, os 3 jovens detidos entre os quais o Presidente do Conselho Regional da Juventude, foram torturados na esquadra da policia local e de seguida humilhados na praça pública, numa clara ostentação da brutalidade e de desrespeito pela dignidade da pessoa humana.


Outrossim, esta atuação nojenta e criminosa das autoridades policiais de Bafatá contra cidadãos inocentes, espelha a dimensão da ignorância e impreparação de alguns elementos das forças de segurança para o exercício da nobre missão de manutenção da ordem e tranquilidade públicas.

A LGDH condena este ato cobarde e exige a identificação e consequente responsabilização criminal dos seus atores.

A Liga exige ainda a instauração de um competente procedimento disciplinar contra os seus autores morais e materiais, tendente a expulsão dos mesmos na corporação policial.

Por fim, a Liga exige a libertação imediata e incondicional de todos os detidos e responsabiliza o estado pela integridade física dos mesmos.


Pela paz, justiça e direitos humanos!