25 de julho de 2024

A LGDH RESPONSABILIZA O GENERAL BIAGUÊ NA NTAM PELA VIDA E INTEGRIDADE FÍSICA DOS JUÍZES CONSELHEIROS DO TRIBUNAL SUPERIOR MILITAR

A Liga Guineense dos Direitos Humanos registou com bastante estupefacção as denúncias dos familiares dos Juízes Conselheiros do Tribunal Superior Militar, segundas as quais, os três magistrados Drs. Melvin Sampa, Júlio Embana e Rafael Luís Gomes foram detidos ontem dia 24 de Julho de 2024, pelo Estado Maior General das Forças Armadas, supostamente por terem proferido o acórdão que ordenou a libertação dos reclusos do caso 1 de Fevereiro de 2022.

De acordo as informações recolhidas pela LGDH junto das mesmas fontes, os três Conselheiros do Tribunal Superior Militar foram convocados ontem, 24 do corrente mês, para comparecerem no Estado Maior General das Forças Armadas e desde que lá entraram os familiares não conseguiram mais contactá-los. 

Este comportamento repugnante do Estado Maior General das Forças Armadas, traduz uma absoluta e inaceitável tentativa de punição política dos magistrados judiciais pelo simples facto de terem decidido contra os interesses políticos inconfessos, violando o princípio de irresponsabilização dos juízes pelas decisões proferidas no desempenho das suas funções jurisdicionais.

Aliás, no Estado de direito democrático, o juiz exerce a função jurisdicional que lhe é constitucionalmente cometida apenas de acordo com a lei e a sua consciência, o que significa que não estão sujeitos às ordens ou instruções de natureza política, militar ou disciplinar emanadas de quem quer que seja. 

Perante a gravidade deste ato e face a existência de uma manifesta cabala político militar para destruir os princípios e valores que enformam a democracia e o Estado de direito na Guiné-Bissau, a Direção Nacional da LGDh delibera os seguintes:

Vide o Comunicado de Imprensa






16 de julho de 2024

COMUNICADO DE IMPRENSA CONJUNTO

Após 13 anos da entrada em vigor da Lei contra a MGF na Guiné-Bissau, as estruturas públicas e as organizações da sociedade civil subscritoras do presente Comunicado de Imprensa Conjunto, registaram com profunda estupefação as recentes declarações do Coordenador Regional de MADEM G-15 o Sr. Malam Camará vulgarmente conhecido por Moro, ao afirmar num ato político em Djabada Beafada na região de Quinará, que a criminalização desta prática visa “eliminar a cultura”. 

Um ato de total irresponsabilidade e de oportunismo político, o Sr. Malam Camará prometeu ainda lutar pela revogação desta lei, tendo para o efeito, apelado “maior união da comunidade local”. 

Estas declarações retrogradas, repugnantes e insensíveis aos graves danos físicos e morais da MGF, acontecem sensivelmente dois meses após a evacuação para Portugal, de uma criança de apenas 6 anos de idade, submetida a “infibulação” uma das formas mais brutais da MGF e que se encontrava em estado bastante critico.

Para mais detalhes, vide o Comunicado de Imprensa Conjunto




10 de junho de 2024

A LGDH EXIGE A LIBERTAÇÃO IMEDIATA DE SR. IKO SAMORI DA SILVA

No âmbito de cumprimento da sua missão de promoção e proteção dos direitos humanos na Guiné-Bissau, a LGDH vem mais uma vez denunciar a detenção ilegal, arbitrária e abusiva de Sr. Iko Samori da Silva, militante do PAIGC em Gabú, a mando de Secretário de Estado da Ordem Pública Sr. José Carlos Macedo Monteiro, desde o dia 28 de Maio de 2024.

Volvidos 13 dias de sequestro, o Sr. Iko Samori da Silva continua encarcerado na cela Sul da Segunda Esquadra, a pior existente na Guiné-Bissau, sem qualquer contacto com os familiares, Advogados ou amigos.

Igualmente, até a presente data, a vítima ainda não foi apresentada ao Ministério Público, numa clara violação da Constituição da República e demais leis processuais em vigor na Guiné-Bissau.

Não obstante a manifesta arbitrariedade desta detenção, o Ministério Público não se dignou assumir as suas responsabilidades constitucionais de titular da ação penal, defensor da legalidade e de direitos fundamentais dos cidadãos.

Aliás, este caso de autentico abuso de poder, é apenas mais um perpetrado por um Secretário de Estado da Ordem Pública, que não tem poupado esforços em transformar o Ministério do Interior, num espaço de ajuste de contas, de torturas, de perseguição de adversários políticos, de intimidação das vozes discordantes, de humilhação dos Advogados, enfim, num vil santuário de barbaridades.

Com estes comportamentos absolutamente estranhas às atribuições e competências constitucionalmente reservadas ao Ministério do Interior, o Sr. José Carlos Macedo Monteiro é hoje uma verdadeira ameaça à democracia, ao Estado de Direito, aos direitos humanos e a coesão nacional.

Para mais detalhes, vide o Comunicado de Imprensa!


3 de junho de 2024

OBSERVATÓRIO DA PAZ COORDENA SESSÃO SOBRE O RADICALISMO E O EXTREMISMO VIOLENTO NO ÂMBITO DA 10.ª CONFERÊNCIA DA UNIÃO REGIONAL DOS PADRES DA AFRICA OCIDENTAL


O Observatório da Paz - Nô Cudji Paz, terá uma participação ativa na X Conferência da União Regional dos Padres da África Ocidental, que decorre entre os dias 2 e 9 de junho, no Hala Hotel, em Bissau. Organizada pelas Dioceses de Bissau e de Bafatá - Associação do Clero Diocesano da Guiné-Bissau, o evento reúne 200 padres católicos da África Ocidental para discutir o tema da “Igreja Católica face à intolerância e o conflito étnico e inter-religioso na África Subsaariana: o papel profético dos padres face à intolerância e à Instrumentalização étnico-religiosa na Africa Subsaariana”.

No dia 6 de junho, às 09h30, o Observatório da Paz coordena a Sessão 4, dedicada ao tema do Radicalismo e Extremismo Violento (REV). Este painel contará com a presença do Mestre Moustapha Welle, do Instituto Tumbuktu em Dakar, Senegal, como orador principal, e será moderado por Bubacar Turé, Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) e Coordenador do Projeto.

O evento sublinha a importância de uma abordagem preventiva e integrada para enfrentar a radicalização e o extremismo violento, reconhecendo os complexos fatores sociais, económicos, políticos e geográficos que facilitam o crescimento de grupos sectários na Guiné-Bissau. Historicamente um exemplo de convivência pacífica entre diversas etnias e religiões, o país enfrenta hoje desafios crescentes devido a fatores sociais, económicos, políticos e religiosos que contribuem para ameaçar a paz e a coesão social.

A sessão de abertura da conferência contará com a participação do Embaixador da União Europeia na Guiné-Bissau, Dr. Artis Bertulis, principal financiador do “Observatório da Paz”. A cerimónia será presidida por Sua Excelência, Umaro Sissoco Embaló, Presidente da República de Guiné-Bissau.
O Observatório da Paz - Nô Cudji Paz, desde 2022, contribuído para o diálogo e prevenção da radicalização e do extremismo violento (PREV) na Guiné-Bissau (objetivo geral), através da mediação e articulação com entidades religiosas, promovendo a tolerância e o diálogo inter-religioso. A participação no quadro desta conferência contribui diretamente para o objetivo específico do projeto: “reforçar a participação, trabalho em rede e estabelecimento de parcerias estratégicas entre Organizações da Sociedade Civil e outros atores sociais e políticos para abordar e prevenir a REV”, enquadrando-se assim num esforço maior para fortalecer a capacidade técnica, a partilha de conhecimento e a coordenação entre diversos grupos, com ênfase na capacitação de membros das associações religiosas para o diálogo e prevenção do REV. A participação ativa e a liderança do Observatório da Paz nesta conferência sublinham o seu papel crucial na PREV na Guiné-Bissau.



31 de maio de 2024

A LGDH RESPONSABILIZA O ESTADO DA GUINÉ-BISSAU PELA MORTE DO CAPITÃO PAPA FANHE

A LGDH regista com profunda consternação a morte prematura do Capitão Papa Fanhe, detido na sequencia do caso 01 de fevereiro de 2022.


 No dia 22 de Abril de 2022, mediante o requerimento do Ministério Público, o Juíz de Instrução Criminal de Bissau ordenou a libertação de alguns detidos , incluindo o malogrado, agora falecido, por falta de indícios suficientes que justificassem a manutenção da prisão preventiva.

 Infelizmente, a decisão judicial não foi cumprida e, por conseguinte, os detidos permaneceram privadas das suas liberdades em condições degradantes.


 A LGDH responsabiliza o Estado da Guiné-Bissau pela morte do Capitão Papa Fanhe e, consequentemente, exige a assunção dessas responsabilidades perante a desemparada família do malogrado. 


Igualmente, a LGDH exige a criação de uma comissão independente para investigar as circunstâncias da morte do Capitão Papa Fanhe.

 

Para mais detalhes, vide o Comunicado de Imprensa




12 de maio de 2024

MISSÃO DE SOLIDARIEADE EM SANCOLA

Uma delegação da LGDH chefiada pelo seu Presidente Sr. Bubacar Turé, efetuou hoje dia 11 de maio de 2024, uma visita de solidariedade na aldeia de Sancola, sector de Bambadinca.

Esta visita tinha como objetivo, constatar in loco a dramática situação de dezenas de famílias locais, cujas habitações foram destruídas no âmbito da execução de um pseudo processo judicial movida por Dr. Bacari Biai, Procurador Geral da República.

Após ter constatada a situação das 5 habitações destruídas e algumas queimadas, o Presidente da LGDH Sr. Bubacar Turé qualificou o processo judicial que culminou com esta execução, de “uma fraude judicial”, que nunca poderia acontecer num estado de direito democrático. Para sustentar a sua afirmação, este ativista dos direitos humanos disse que o Tribunal de Sector é uma instancia com competência muito limitada à pequenas causas, as quais devem ser resolvidas de acordo com os usos e costumes não contrários à lei. Por isso, segundo ele, este tribunal não tem competência nos termos da lei, para dirimir um conflito de posse de terra de 44 hectares.

Este ativista dos direitos humanos, criticou a forma “ bárbara, cruel e desumano como a sentença de 2015, ter sido executada, em total desprezo pela dignidade da população local.

Por isso, o Presidente da LGDH lançou um vibrante apelo ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, no sentido de ordenar uma inspeção judicial com vista a responsabilização de todos os implicados nesta fraude judicial contra a população de Sancola.

Igualmente, este ativista dos direitos humanos disse que a sua organização aguarda com serenidade a instauração de um processo crime anunciado pelo PGR, o qual acusa de estar ao serviço de um regime que não tem respeito pela legalidade e pelos direitos humanos.

A visita de solidariedade em Sancola, culminou com a entrega de 10 tendas de acampamento, 5 sacos de arroz, 10 litros de olho alimentar e produtos de higiene às vitimas de atos desumanos do PGR.

Por fim, a LGDH promete acionar todos os mecanismos a sua disposição para defender os direitos da população de Sancola.










  



28 de abril de 2024

O OBSERVATÓRIO DA PAZ PROMOVE AÇÃO DE FORMAÇÃO DOS QUADROS E TÉCNICOS DA FUNÇÃO PÚBLICA NO DOMÍNIO DA PREV

A União Europeia no quadro do projeto “Observatório da Paz – Nô Cudji Paz”, em parceria com o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, apoia a realização de uma ação de formação no domínio da prevenção do radicalismo e extremismo violento destinada a 35 quadros e técnicos dos Ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos, do Interior e da Administração Pública, nos dias 29 e 30 de abril de 2024, na Casa dos Direitos a partir das 09h30.Esta ação de formação visa dotar os quadros e técnicos da administração pública de conhecimentos para a deteção precoce dos sinais de radicalismo e extremismo violento, bem como mobilizar estes quadros das autoridades locais para a promoção da paz e coesão social na Guiné-Bissau. Para mais detalhes, vide o comunicado de imprensa.




DIREITOS HUMANOS: GUINÉ-BISSAU NÃO REGISTA MELHORIAS


Relatório sobre os Direitos Humanos no Mundo em 2023 dos EUA afirma que Governo não tomou medidas para punir funcionários que violaram direitos humanos

WASHINGTON — O Relatório sobre os Direitos Humanos no Mundo em 2023 divulgado nesta segunda-feira, 22, em Washington, pelo Departamento de Estado americano diz que a Guiné-Bissau não registou melhorias no campo dos direitos humanos em relação ao ano anterior.

O cenário descrito revela "relatos credíveis de tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante por parte do Governo, condições prisionais duras, problemas graves com a independência do poder judicial, corrupção governamental grave, ampla violência baseada no género, incluindo violência doméstica, casamento infantil, precoce e forçado, mutilação genital feminina e tráfico de pessoas, incluindo trabalho forçado.

O Departamento de Estado afirmou que o "Governo não tomou medidas credíveis para identificar e punir funcionários que possam ter cometido violações dos direitos humanos".

Entretanto, não houve relatos de que o Executivo ou os seus funcionários tenham cometido execuções arbitrárias ou ilegais, incluindo execuções extrajudiciais.

O documento regista que a organização não governamental Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) relatou que "pelo menos 25 pessoas foram sujeitas a tortura ou abuso físico arbitrário, enquanto estavam detidas, tendo dois destes casos resultado em ferimentos graves que exigiram hospitalização" mas nenhum dos responsáveis foi punido, de acordo com a mesma fonte.

Cultura de impunidade

Apesar de existirem mecanismos para investigar e processar denúncias de violações dos direitos humanos, a LGDH alegou que o "Ministério Público permitiu a existência de uma cultura de impunidade no país, incluindo nas forças de segurança e na polícia nacional".

Muitos centros de detenção estão gravemente superlotados e têm ventilação insuficiente, pouca iluminação e fossas sépticas entupidas.

O relatório, que cita a LGDH, diz que "os prisioneiros não têm água potável ou corrente e acesso a tratamento médico, a nutrição é deficiente e "no Centro de Prisão Preventiva em Bissau os detidos dependiam das suas famílias para terem alimentação".

No entanto, conclui que "não houve relatos de presos ou detidos políticos".

Pressão sobre jornalistas

A constituição e a lei preveem a liberdade de expressão, incluindo para membros da imprensa e outros meios de comunicação social, e organizações não governamentais e órgãos de fiscalização dos meios de comunicação informaram que "o Governo, em geral, respeitou este direito".

Os relatores registam que no dia 4 de dezembro, militares ocuparam estações de rádio e televisão em Bissau durante aproximadamente 48 horas e "embora o Governo alegasse que a medida era uma resposta a uma potencial tentativa de golpe de Estado, os jornalistas disseram que tal foi feito para intimidá-los e impedir a divulgação de notícias sobre acontecimentos políticos".

O Departamento de Estado destaca que as eleições nacionais, realizadas pela última vez em junho, foram amplamente consideradas justas e livres de abusos e irregularidades.

Alguns partidos da oposição, no entanto, "alegaram que o pessoal de segurança apoiado pelo Governo os impediu de fazer campanha livremente e de viajar para se encontrarem com apoiantes no período anterior às eleições".

Os partidos tiverem, por vezes, a sua atividade de operar livremente coartada, segundo o documento.

Ataques e discriminação baseada no género

"No dia 5 de maio, a residência de Fransual Dias, analista político e membro do oposicionista Partido da Renovação Social, foi atacada por desconhecidos e o seu veículo incendiado, Dias afirmou na mídia que o ataque teve motivação política para intimidá-lo por pessoas alinhadas com o Presidente", continua o relatório que cita ainda que "no dia 6 de dezembro, as Forças Armadas ocuparam a sede de um partido da oposição, o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, expulsaram membros reunidos e bloquearam a entrada no edifício".

Quanto à participação das mulheres, o documento aponta que ,embora algumas tenham ocuçado cargos seniores no Governo, "os observadores acreditam que as opiniões relativas aos papéis tradicionais de género em algumas partes do país, especialmente nas zonas rurais, limitam a participação política das mulheres."

O relatório cita "fontes dos meios de comunicação social e organizações não governamentais que alegaram que membros da administração militar e civil traficavam estupefacientes e ajudavam cartéis internacionais de droga, proporcionando acesso ao país e à sua infra-estrutura de transportes".

"Antonio Indjai, antigo chefe das Forças Armadas, continuou a circular livremente no país", conclui o relatório lembrando que ele é alvo de sanções da ONU "pelo seu envolvimento num golpe de Estado bem sucedido em 2012".

Para mais detalhes vide a versão integral em inglés aqui





2 de abril de 2024

A LGDH PROMOVE UMA VÍGILIA DE 5 MINUTOS DE SILÊNCIO EM HOMENAGEM ÀS DUAS MULHERES ASSASSINADAS EM GABÚ

Entre os dias 11 e 25 de março de 2024, duas mulheres inocentes foram barbaramente assassinadas na região de Gabú, leste da Guiné-Bissau.

A malograda Mata Mané de 53 anos de idade, que vivia na aldeia de Nhampassare arredores de Gabú, foi violada sexualmente por um homem de 55 anos de idade, no dia 11 de março. Como se não bastasse, o agressor sexual disparou mortalmente contra a vítima, tendo sido detido pelas autoridades policiais.

Nesta senda de crueldade contra as mulheres,  a Mariatu Camará de 46 anos de idade, foi barbaramente assassinada à facada pelo seu próprio marido de 55 anos de idade, na aldeia de Sintchâ Demba no dia 25 de março. Este duplo crime odioso num horizonte temporal de apenas duas semanas, constitui um sinal preocupante, e, sobretudo, revela o nível de crescimento de feminicídio na Guiné-Bissau.

Para mais detalhes, vide o Comunicado de Imprensa!




1 de abril de 2024

A LGDH CONDENA ATOS DE JUSTIÇA PRIVADA NO PAÍS

A LGDH teve acesso a um vídeo viral nas redes sociais, em que um grupo de homens e mulheres não identificados, espancaram brutalmente um jovem acusado de supostamente de roubar os telemóveis.

Sem ainda dispor de elementos adicionais, tais como, a data e local do evento, a LGDH através do seu secretário da Comunicação e Relações Públicas Guerri Gmes Lpes, condena este ato que considera de bárbaro e cruel, e exorta a Polícia Judiciária no sentido de abrir com urgência uma investigação célere e transparente com vista a identificação e consequente responsabilização criminal dos seus autores.

A LGDH aproveita esta oportunidade para denunciar um outro ato semelhante que aconteceu no passado dia 29 de março de 2024, em Bissau, que um grupo de pessoas maioritariamente jovens, espancaram até a morte um suposto ladrão de nome Djibril Djaló, no bairro de Belém. Os autores deste ato criminoso foram detidos pela PJ.

Face ao crescimento de atos de justiça privada no país, a LGDH apela firmemente aos cidadãos no sentido de abandonar os comportamentos que consubstanciam a justiça privada, caso contrário, correm riscos da prática de crimes previstos e puníveis na legislação penal em vigor no país.

Igualmente, a organização apela ao governo no sentido de adoptar uma plano estratégico coerente e exequível, tendente ao combate a impunidade e consequente restauração da confiança dos cidadãos nas instituições judiciárias.



 






27 de março de 2024

A LGDH DENÚNCIA A DEGRADAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICA

No âmbito da sua missão de promoção e proteção dos direitos humanos na Guiné-Bissau, a LGDH tem acompanhado com crescente preocupação a alarmante degradação do funcionamento do sistema nacional de saúde do país, especialmente do Hospital Nacional Simão Mendes, agravada nos últimos tempos pelo incumprimento das obrigações do Estado.

A nossa Constituição da República, consagra o direito à saúde como direito fundamental, cuja efetivação se traduz num elemento essencial para a concretização dos demais direitos e liberdades fundamentais.

Não obstante esta consagração constitucional, os sucessivos governos não têm sido capazes de criar condições para o funcionamento eficaz do sistema de saúde, pondo em risco a vida e a dignidade dos cidadãos, sobretudo dos mais carenciados. 

Para mais detalhes vide o Comunicado de imprensa apresentado hoje numa conferencia de imprensa pelo Vice-Presidente da LGDH Sr. Edmar Nhaga.





21 de março de 2024

OS LÍDERES RELIGIOSOS APELAM À PAZ E TOLERANCIA RELIGIOSA NA GUINÉ-BISSAU

Na sequencia dos diversos casos de ataques contra os espaços de culto tradicional e de uma igreja evangélica, associadas a proliferação de discursos de ódios e de intolerância religiosa que vinham sendo disseminados por diferentes atores nacionais, os líderes das diferentes confissões religiosas da Guiné-Bissau, tonaram público hoje, uma Declaração Conjunta de Apelo à Paz e Tolerância Religiosa. 

Este importante documento assinado por representantes das comunidades Católica, Muçulmana, Evangélica e Religião Tradicional, repudia todos os atos de intolerância religiosa registados no país e apela a cessação imediata dos mesmos.

O documento. Para além de exortar as autoridades judiciárias no sentido de investigar e trazer à justiça os responsáveis dos atos de intolerância religiosa que tendem por em causa a paz e a coesão nacional, esta declaração pede aos guineenses para absterem de proferir, divulgar e disseminar discursos sectários e radicais, capazes de incentivar o ódio  e a intolerância no país.

Este evento insere-se no âmbito da implementação da Agenda Comum para à Paz dos líderes religiosos, adoptada em 2022, no quadro do projeto Observatório da Paz –Nô Cudji Paz, uma iniciativa implementada pelo Instituto de Marquês Valle Flôr e pela Liga Guineense dos Direitos Humanos, financiado pela União Europeia e Cofinanciado pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua.

Para mais detalhes, vide a Declaração Conjunta na integra.










28 de fevereiro de 2024

A LGDH CONDENA AS DETENÇÕES ARBITRÁRIAS E DENUNCIA ONDA DE ATROPELOS À DEMOCRACIA E ESTADO DE DIREITO

A Liga Guineense dos Direitos Humanos registou com estupefacção as detenções ilegais e abusivas do Deputado da nação Bamba Banjai e do activista político do MADEM G-15 Queba Sané vulgarmente conhecido por R Kelly, ordenadas pelo Ministério do Interior.

Estas detenções à margem da lei, efetuadas ontem, dia 27 de fevereiro de 2024, enquadram-se na estratégia de intimidação e da privação arbitrária das liberdades fundamentais dos cidadãos, adotada pelo regime vigente, com a finalidade de instalar medo generalizado e, por conseguinte, consolidar o autoritarismo e absolutismo na Guiné-Bissau.

Aliás, paradoxalmente à sua função primária de zelar pela proteção dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, o Ministério do Interior é transformado pelos   Senhores Botche Candé e José Carlos Macedo Monteiro, respetivamente Ministro e Secretario de Estado, num santuário da ditadura, através da prática reiterada de atos ilegais.

Para mais informações, vide o  Comunicado de imprensa da LGDH.





22 de fevereiro de 2024

A LGDH CONDENA A MORTE DE 8 PESSOAS EM CULADJE

No âmbito do cumprimento da sua missão de promoção e proteção dos direitos humanos na Guiné-Bissau, a LGDH registou com bastante tristeza as informações que dão conta da morte de 8 pessoas na aldeia de Culadje, Sector de São Domingos, entre os quais 5 homens e 3 mulheres, em consequência de ingestão forçada de um líquido que, supostamente, identifica e confirma os feiticeiros.

Segundo as informações recolhidas pelas estruturas locais da LGDH, este incidente que ocorreu ontem, dia 21 de fevereiro de 2024, foi protagonizado por um vidente proveniente da Gambia, à mando dos anciões e responsáveis da comunidade local, com a finalidade de erradicar a prática de feitiçaria na referida aldeia. De acordo ainda com as mesmas fontes, 21 pessoas se encontram hospitalizadas no Centro de Saúde de São Domingos, entre as quais 12 homens e 9 mulheres, em consequência de ingestão forçada do mágico e misterioso líquido.

Este incidente vem juntar-se ao outro caso similar registado em Suzana, Sector de São Domingos, em 2023 e que culminou com a morte de um número indefinido de pessoas, cujos autores permanecem impunes. Aliás, os espancamentos e assassinatos decorrentes de acusações de práticas de feitiçaria têm sido recorrentes no país, sobretudo nas zonas rurais, incentivados pela impunidade resultante da inoperância do poder judicial e da incapacidade das forças de segurança em garantir segurança às populações.

Para mais detalhes, vide o Comunicado à imprensa.





12 de fevereiro de 2024

CELEBRAÇÕES DO DIA INTERNACIONAL PARA A PREVENÇÃO DO EXTREMISMO VIOLENTO

Hoje, o Observatório da Paz – Nô Cudji Paz associa-se à 2.ª celebração do Dia Internacional para a Prevenção do Extremismo Violento. O extremismo violento é uma ameaça global à paz e à segurança, afetando pessoas de todas as idades, culturas, religiões e nacionalidades.

Nada pode justificar o extremismo violento, mas devemos reconhecer suas raízes na injustiça e na violação dos direitos humanos. É a hora de agir para construir um mundo mais pacífico e inclusivo, onde todos possamos viver com dignidade e segurança.

Junte-se ao Observatório da Paz nesta jornada pela paz e pela prevenção do extremismo violento. Vamos trabalhar juntos para promover o diálogo, fortalecer a sociedade civil e construir comunidades resilientes.

Para mais detalhes vide Comunicado de imprensa alusiva à data.




 


3 de fevereiro de 2024

A LGDH EXIGE A LIBERTAÇÃO IMEDIATA E INCONDICIONAL DOS DETIDOS

A LGDH acompanha com bastante preocupação as informações que dão conta das detenções abusivas e ilegais de 12 dirigentes do partido MADEM G-15 entre os quais o Deputado Bamba Banjai, cometidas hoje, dia 03 de fevereiro de 2024, pelas forças de segurança do governo de iniciativa presidencial no recinto do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira. 

Este ato arbitrário vem se juntar a tantos outros que têm sido praticados pelo Ministério do Interior liderado pelos Senhores. Botche Candé e José Carlos Macedo Monteiro, no quadro de cumprimento de “Ordens Superiores”, configurando estas uma estratégia ditatorial de confiscar os direitos e liberdades fundamentais constitucionalmente assegurados à todos os cidadãos. 

A LGDH condena mais uma vez estas detenções ilegais e abusivas e exige a libertação imediata e incondicional dos mesmos. 

A Liga responsabiliza ainda os Senhores Botche Candé e José Carlos Macedo Monteiro pelas consequências das suas sistemáticas ações de detenções arbitrárias, suspensão da liberdade de manifestação, intimidações das vozes discordantes e perseguições dos jornalistas. 

A Liga denuncia ainda a transformação do Ministério do Interior num santuário de ilegalidades com o único propósito de instalar o medo generalizado no país e por conseguinte consolidar o autoritarismo. 

Por fim, a Liga exige a intervenção imediata do Sr. Presidente da República, enquanto entidade de quem emana este governo, nos sentido de estancar estas práticas abusivas que em nada abona para a imagem e o prestígio dos órgãos do poder político da Guiné-Bissau.

 Pela Paz, justiça e Direitos Humanos!




 


20 de janeiro de 2024

“OS SONHOS DE CABRAL CONTINUAM A SER MORTOS TODOS OS DIAS” NA GUINÉ-BISSAU

 Neste dia em se assinala mais um aniversário de assassinato brutal de Amilcar Cabral, a LGDH partilha com os leitores a entrevista do seu Presidente Sr. Bubacar Turé ao Jornal português o Público.

Neste entrevista, foram abordados vários assuntos com enfoque especial sobre a situação dos direitos humanos na Guiné-Bissau.

Leiam a entrevista aqui!




18 de janeiro de 2024

DISCURSO DO PRESIDENTE DA LGDH NA CERIMÓNIA DE LANÇAMENTO DO RELATÓRIO SOBRE A SITUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA GUINÉ-BISSAU 2020-2022

Minhas senhoras e meus senhores

 

Permitam-me em nome da LGDH e em meu nome pessoal endereçar calorosas saudações a todos cuja presença nos honra bastante e faz desta singela cerimónia um momento ímpar e simbólico nesta árdua, mas gratificante, luta pela defesa e promoção dos direitos humanos.

 

Como já vem sendo tradição, a LGDH lança hoje mais um relatório sobre a situação dos direitos humanos na Guiné-Bissau, o qual reporta-se aos anos 2020 a 2022, sob o tema “Resistir ao autoritarismo, reviver Cabral”. Este relatório constitui também uma  homenagem ao fundador da nacionalidade guineense o Eng. Amílcar Lopes Cabral, cujo centenário de nascimento se comemora este ano, numa altura em que se assiste no país a mais uma tentativa aniquilação dos seus ideais e sonhos.

 

O documento cuja apresentação acabamos de assistir, é fruto de uma relação de paixão e de compromisso com a defesa dos valores que constituem o âmago da nossa organização e a razão de existência do Estado de direito.

 

Este relatório traduz-se em mais um contributo da LGDH para o reforço do sistema nacional de proteção dos direitos humanos e visa fornecer aos atores nacionais e internacionais um panorama geral e realista da situação dos direitos humanos na Guiné-Bissau. Importa referir e destacar que este relatório conta com dados de um sistema de recolha próprio, assente numa metodologia coerente de monitorização direta dos indicadores dos direitos humanos em todo o país.  Igualmente, a produção deste documento contou com a colaboração de especialistas em diversas áreas temáticas de direitos humanos.



O período a que se reporta o relatório é marcado por maior recuo na promoção e defesa dos valores da dignidade da pessoa humana, sendo que os problemas anteriores, longe de serem superados, transitaram para o período contemporâneo e deram origem aos novos desafios. Refiro-me nomeadamente a ineficácia e ineficiência da justiça estadual, que continua a reclamar, com carácter de urgência, uma reforma profunda para poder fazer face aos desafios da impunidade, da criminalidade organizada e transnacional, da violência com base no género, da exploração de crianças, assim como da corrupção e/ou gestão danosa dos recursos públicos que estão a corroer as bases da nossa frágil economia. 

 

Nestes três últimos anos o país conheceu fenómenos nunca antes vistos na Guiné-Bissau, refiro-me aos casos de raptos e espancamentos de cidadãos, perpetrados por um grupo de milícias patrocinados por certas estruturas de Estado, com a missão de praticar atos que, na perspetiva da Liga, correspondem inequivocamente a terrorismo de Estado

Igualmente, o povo guineense assistiu a atos de perseguições e intimidações dos profissionais de comunicação social, repressão da oposição democrática traduzida nas detenções arbitrárias de dirigentes políticos e perseguições das vozes discordantes, impedimentos sistemáticos e ilegais de viagens ao estrangeiro, intimidações e instrumentalização da justiça para fins político partidário, sem ignorar as tentativas de aniquilar a liberdade sindical na Guiné-Bissau. Sobre este último assunto, as detenções arbitrárias de vários líderes sindicais e as interferências políticas grosseiras na gestão da UNTG, a maior central sindical do país, são exemplos paradigmáticos da intolerância e insensibilidade do regime vigente face ao livre exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. 

 

Minhas senhoras e meus senhores

 

Em 01 de Fevereiro de 2022, um grupo de homens armados atacaram criminosamente o Palácio do Governo, numa altura em que o executivo se encontrava reunido em Conselho de Ministros sob a presidência da Sua Excelência senhor Presidente da República. De acordo com o balanço feito pelas autoridades nacionais, esta ação violenta resultou em 11 mortes e vários feridos. A LGDH reafirma a sua firme e inequívoca condenação ao referido ato de violência gratuita e de alteração inconstitucional da ordem democrática e reitera o seu apoio moral e solidariedade aos familiares das vítimas exigindo, mais uma vez, a identificação e consequente responsabilização criminal dos autores morais e materiais do sucedido.

 

No entanto, 36 pessoas, entre os quais militares e civis, foram detidos e acusados de suposto envolvimento na tentativa de golpe de estado. Volvidos cerca de dois anos de detenções em condições infra-humanas, os suspeitos ainda não foram julgados, não obstante as autoridades judiciárias terem ordenado a libertação de um número considerável destes suspeitos. Aliás, neste momento, todos os prazos legais de prisão preventiva foram largamente ultrapassados. 

 

 A recusa em cumprir as decisões judiciais e consequente manutenção do regime de detenções, constitui uma afronta ao Estado de direito e uma violação sem precedentes do princípio de separação de poderes. Por isso, aproveitamos mais uma vez esta oportunidade, para exigir a libertação imediata destes cidadãos que se encontram sequestrados pelo Estado da Guiné-Bissau

 

No que concerne aos direitos económicos e sociais, a situação da saúde guineense é deveras preocupante, na medida em que, os sucessivos governos nunca se dignaram dispensar a atenção adequada e necessária ao sector, o que contribuiu decisivamente para o agravar dos problemas relacionados com o acesso e a qualidade do serviço de saúde que é prestado aos cidadãos. 

 

O disfuncionamento do nosso sistema de saúde começa desde logo com a insignificante dotação orçamental afecta a este sector estratégico, passando pela insuficiência dos recursos humanos em termos qualitativos e quantitativos, pela degradante situação das infraestruturas e dos equipamentos de diagnóstico devido à falta de manutenção   adequada, pela repartição desigual dos recursos disponíveis,  venda no mercado farmacêutico nacional de medicamentos de origem duvidosa, bem como pela ausência de mecanismos de controle da atuação dos profissionais que intervém no sector.

 

Constata-se ainda uma gestão inadequada dos serviços de saúde devido aos sinais evidentes de clientelismos e corrupção, acompanhada por um Sistema Nacional de Informação Sanitária deficiente e uma coordenação insatisfatória das intervenções do conjunto dos parceiros nacionais e internacionais. 

 

Em consequência destes e outros problemas do sector, a Guiné-Bissau regista uma das mais elevadas taxas de mortalidade materna e neonatal na África subsariana. 

 

Em relação ao sector da educação, a situação não difere de outros sectores sociais, o sistema regista degradação e ruína das infraestruturas sociais, curriculum escolar obsoleto em todos os níveis, falta de rigor e corrupção minam hipóteses de competitividade e, em consequência, milhares de crianças se encontram fora do sistema de ensino numa clara violação dos direitos humanos.  Aliás, é triste constatar que centenas de aldeias nas zonas rurais, algumas com 3000 mil habitantes ou mais, não dispõem de uma única infraestrutura escolar do estado, numa clara negação do direito fundamental de acesso à educação ao povo guineense.

 

Minhas senhoras e meus senhores, 

 

A participação direta e ativa de homens e mulheres na vida política constituí condição e instrumento fundamental para a consolidação do sistema democrático, devendo a lei promover a igualdade no exercício dos direitos cívicos e políticos e proibir a discriminação em função do género no acesso a cargos políticos e esferas de decisão.

 

A consagração formal do princípio da igualdade na nossa constituição por si só, é insuficiente, pois continuamos a registar enormes desigualdades sociais que prejudicam as mulheres. Dai ser importante e urgente rever a lei da paridade e adequa-la aos padrões internacionais permitindo maior democratização do sistema político guineense e consequente aumento do índice da participação das mulheres nas esferas de tomada de decisão. Igualmente, apelamos a mobilização de meios financeiros com vista a implementação da política nacional da igualdade e equidade de género, enquanto instrumento imprescindível nos esforços de redução das desigualdades estruturais existentes entre homens e mulheres na sociedade guineense. 

 

A exploração das crianças, abuso sexual de menor, bem como a inexistência de um sistema nacional de proteção dos deficientes, estimulam sistematicamente atos de discriminação destes grupos, tornando-os ainda mais vulneráveis aos riscos de violações dos seus direitos e liberdades fundamentais. Por conseguinte, é imperioso adotar a lei contra a mendicidade forçada e de proteção integral de menores, bem como de um regime jurídico de proteção e promoção dos direitos das pessoas com deficiência incluindo as que vivem com o albinismo. 

 

Minhas senhoras e meus senhores

 

O projeto coletivo de uma Guiné-Bissau de progresso, da paz, da democracia, do estado de direito, de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, sonhado por Amílcar Cabral e combatentes de liberdade da Pátria, continua a ser traído por alguns guineenses, cujas prioridades se resumem apenas na satisfação dos interesses pessoais e de grupos. 

 

Volvidos mais de 50 anos de independência, a Guiné-Bissau continua
a ocupar as piores posições no ranking do desenvolvimento humano. Os acessos à água potável, à educação e saúde de qualidade, à energia elétrica, às infraestruturas, aos recursos económicos que pertencem a todos, continuam a ser uma utopia. 

 

Em contrapartida, um grupo de cidadãos, na maior parte dos casos desprovidos de qualquer legitimidade democrática, espoliam os recursos financeiros, ostentam criminosamente a riqueza, violam os princípios estruturantes do estado de direito, enfim, mantêm o povo refém numa gaiola, adiando sistematicamente a sua esperança e o seu direito a uma vida melhor. 

 

Este quadro sombrio agravou-se perigosamente nos últimos três anos, após o regime vigente ter iniciado a implementação de uma agenda de desconstrução e desmantelamento da democracia e do estado de direito, dando lugar ao absolutismo e autoritarismo. 

 

Em consequência, o país começa a assistir ao desmoronamento das instituições democráticas, à concentração de poderes numa única pessoa, as chamadas “ordens superiores” a sobreporem-se à Constituição e à ordem jurídica do país. 

 

A situação espelhada no presente relatório prova ainda, e os guineenses o sabem, que o momento é da maior gravidade. Ou recuperamos coletivamente um sentido mínimo do Estado de Direito para enfrentar os grandes desafios do desenvolvimento, da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e da realização dos direitos humanos que temos pela frente, ou continuamos no caminho atual e em breve atingiremos o ponto de não retorno na confiscação do Estado por interesses individuais, de grupos privados e por lógicas abusivas e criminosas, num território onde a única regra será aquela ditada pela “Ordem Superior” e pela lei do mais forte. 

 

Não seria justo terminar esta intervenção, sem mencionar o atual momento político da Guiné-Bissau, caraterizado pela dissolução inconstitucional do parlamento, assalto ao Supremo Tribunal de Justiça por homens armados e consequente demissão do seu Presidente, demissão do governo e criação de um governo de iniciativa presidencial, intimidações dos profissionais de comunicação social, enfim, tentativas de confinamento da liberdade de manifestação decretado arbitrariamente pelo Ministério do Interior, como se o país estivesse a viver num Estado de sitio ou de emergência. 

 

Por isso, exortamos firmemente as autoridades nacionais no sentido de abandonarem estas ações solitárias de ataque aos direitos humanos, adequando as suas condutas à constituição e às demais leis em vigor na Guiné-Bissau. Aliás, a lei tem de ser o critério, o fundamento e o limite de atuação de todas as autoridades nacionais.

 

É nossa convicção que a consolidação da paz, da democracia e do estado de direito, por ser um desafio coletivo, requer o concurso de ações convergentes de todos os segmentos da sociedade, sem exceção, para transformar as  nossas diferenças em oportunidades e os nossos fracassos em potencialidades para erguer uma nação fundada nos valores da dignidade da pessoa humana.

 

Ao nosso nível, quero deixar bem claro que iremos prosseguir a nossa luta cívica de promoção e proteção dos direitos humanos na Guiné-Bissau, não obstante as ameaças e intimidações contra os ativistas dos direitos humanos. Para o efeito, e face a degradação da situação dos direitos humanos no país, iremos nos próximos tempos acionar os mecanismos Onusianos de proteção dos direitos humanos, nomeadamente, o Relator Especial sobre a liberdade de reunião e associação pacifica e demais outros.

 

Para finalizar, gostaria de em nome da Liga, manifestar a nossa eterna gratidão a Cooperação portuguesa pelos inestimáveis apoios concedidos, sem os quais não seria possível a produção e consequente apresentação deste relatório. Os nossos agradecimentos são extensivos a Associação pela Cooperação entre os Povos, ACEP, liderada pela incansável Fátima Proença e suas colaboradoras, pelo apoio e acompanhamento permanentes que nos têm dado nesta luta incessante e gratificante de promoção e proteção dos direitos humanos na Guiné-Bissau. Permitam-me agradecer no fundo de coração uma pessoa especial Dr. Pedro Rosa Mendes, um grande amigo da Guiné-Bissau, que decidiu a título gratuito apoiar a revisão deste relatório, o nosso muito obrigado Pedro. 

 

Por fim, mas não menos importante, quero do fundo do meu coração agradecer os ativistas dos direitos humanos, com especial dedicatória para os presidentes da LGDH nas regiões que de forma incansável e exemplar defendem os direitos humanos em circunstâncias adversas e muitas vezes hostis. 

 

Um Bem Haja a Todos!