A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) saúda com imenso orgulho e emoção o povo Bijagó, guardião ancestral e sábio do Arquipélago dos Bijagós, pela monumental conquista da inscrição das suas ilhas na Lista do Património Mundial Natural da Humanidade, anunciada no dia 11 de julho de 2025.
A LGDH estende os seus mais sinceros parabéns ao Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP), cuja dedicação incansável foi decisiva para este feito histórico, bem como a todas as instituições do Estado que, com empenho e determinação, abraçaram esta causa.
A LGDH felicita igualmente as organizações não-governamentais, com especial destaque para a TINIGUENA – Esta Terra é Nossa, que há mais de três décadas tem lutado incansavelmente pela defesa da rica biodiversidade dos Bijagós e pelos direitos das comunidades locais, assim como os académicos, ambientalistas e todas as vozes comprometidas que tornaram possível esta vitória.
Este reconhecimento internacional é o tributo à sabedoria milenar, à força invencível e à resiliência do povo Bijagó, e à riqueza única e incomparável da nossa natureza. É a prova viva de que a harmonia entre o ser humano e o ambiente não só é possível, como deve ser um exemplo brilhante para o mundo.
Mais do que uma distinção ambiental, esta vitória representa um avanço decisivo na defesa dos direitos humanos, reafirmando o direito sagrado das comunidades tradicionais à sua terra, à sua cultura e ao seu futuro.
Esta declaração constitui também uma muralha intransponível contra a apropriação, os negócios e as especulações mercantilistas que ameaçam as terras dos Bijagós - protegendo o seu território da voracidade do lucro desenfreado e garantindo que permaneça nas mãos do seu povo.
Contudo, a LGDH alerta que o Arquipélago dos Bijagós não pode continuar a ser o “parente pobre” das políticas públicas nacionais. É imperativo que o Estado guineense assuma um compromisso firme e sustentável para:
1. Preservar a biodiversidade única e frágil do arquipélago;
2. Garantir e proteger os direitos ancestrais das comunidades locais, homens e mulheres;
3. Combater com rigor a criminalidade organizada, nomeadamente o tráfico de drogas, que ameaça a paz e a segurança da região;
4. Fomentar investimentos que promovam um turismo responsável, de qualidade, que respeite o ambiente e proteja a dignidade humana.
Por fim, a LGDH apela a uma gestão integrada, participativa e transparente deste património mundial, que assegure o desenvolvimento sustentável do arquipélago, respeitando a dignidade das suas populações e preservando o equilíbrio dos seus ecossistemas.
Bissau, 13 de julho de 2025
Pela Paz, Justiça e Direitos Humanos