6 de janeiro de 2015

VOTOS DE UM FELIZ ANO NOVO



Caros dirigentes e ativistas da LGDH

O ano 2014, foi se embora, e levou consigo factos e acontecimentos que traduziram em violações graves dos direitos humanos que constituem até hoje o pão de cada dia de alguns dignitários deste país, afectos às diferentes estruturas do poder.

Foi um ano que encerrou o ciclo de transição política de dois anos decorrente do golpe do estado em 2012, que mergulhou o país numa grave crise política, económica e social, associadas as violações sistemáticas dos direitos humanos.

Como sabem, a história da Guiné-Bissau está infelizmente associada aos assassinatos, espancamentos dos cidadãos, detenções arbitrárias, entre outros casos que permanecem impunes.

Os ativistas dos direitos humanos nunca resignaram, pelo contrario, sempre enfrentaram todas as adversidades, pondo em perigo as suas próprias vidas e integridades físicas em nome da promoção e proteção dos direitos humanos.

Nem sempre as nossas posições são bem entendidas por todos, daí está a origem das mais diversas criticas, acusações de parcialidade, de defesa dos criminosos, enfim, do partidarismo.

Tais criticas e acusações devem ser tidas em consideração não pelas suas veracidades, mas por refletirem a dimensão e nobreza do valor da promoção e proteção dos direitos humanos. Os valores que enformam e guiam a nossa atuação não estão ao alcance de todos, por isso é que torna mais difícil e espinhosa a missão de defesa da dignidade da pessoa humana.

Sem pretender fazer um verdadeiro balanço do ano transato, 2014, foi um ano de eleições onde a violência e extremismo político foram levados ao extremo. Vários dirigentes foram espancados devido as suas opções politicas, alguns casos de assassinatos protagonizados pelas forças de defesa e segurança, foram registados. De igual forma assistimos o acentuar da ausência da autoridade do estado sobretudo nas zonas rurais, associadas as praticas tradicionais nefastas tais como mutilação genital feminina, casamento forçado e precoce, entre outras.

O ano de 2014, foi particularmente nocivo no que concerne as violações dos direitos humanos das mulheres. Ao longo deste ano, foram registados mais de três casos de violência sexual que culminaram com as perdas de vidas humanas, a violência contra as mulheres não diminuiu não obstante os consideráveis esforços levados a cabo pelas organizações da sociedade civil.  

No que concerne aos direitos das crianças, a situação permanece na mesma, os mecanismos de proteção dos menores continuam a ser ineficazes. Todos os dias as crianças guineenses escapam o controlo das autoridades nacionais e, atravessam as fronteiras para Senegal e Gambia com o objectivo inicial de aprender o alcorão, acabando por cair nas malhas do trafico de pessoas, em alguns dos casos perdem mesmo as suas vida. Paralelamente a isso, assistimos vários casos de agressões e maus tratos contra as crianças cujos autores ficam sempre impunes.

Com este ano novo, a nossa esperança e expectativa é a mudança de comportamentos dos governantes e dos cidadãos em geral, no que concerne ao respeito pelos direitos humanos. Pois, só com a mudança de mentalidades podemos trilhar no caminho da democracia, da paz e do desenvolvimento. Este objectivo não pode ser alcançado sem um compromisso sério com os direitos humanos e de combate a impunidade.

Para o efeito, as autoridades nacionais são convidadas a abandonar a inércia e incapacidade, passando elas mesmas a assumir a responsabilidade primária de promover e respeitar os direitos humanos. Os tempos de diversão já lá vão, os cidadãos não vão permitir que uns vergando o capote do estado, vilipendiar os direitos humanos tal como tem sido o hábito.   

Assim, todos os ativistas da LGDH são por isso interpelados a se regaçarem as mangas para enfrentar mais uma vez, o desafio de proteger e defender os direitos humanos ao longo do ano que agora inicia.

É uma luta infinita, perigosa, utópica, desgastante, espinhosa e incompreensível. Mas é também uma luta nobre, corajosa, justa e indispensável para nos inserirmos no caminho da civilização e do estado de direito.

Para terminar, aproveitamos esta oportunidade para render uma justa homenagem à todos os (as) ativistas dos direitos humanos que tombaram em 2014, com especial destaque para a Sra. Nicolácia Maria Gomes Presidente da LGDH na região de Gabú que deixou o mundo dos vivos no dia 25 de novembro 2014. Gloria eterna a sua alma e de demais outros ativistas que pereceram.

Votos de um bom!

A Direção Nacional