7 de dezembro de 2015

PROJECTO “ MONITORIZAÇÃO DOS TRIBUNAIS AUSCULTA DIFERENTES INTERVENIENTES NO PROCESSO DE PROMOÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA NA GUINÉ-BISSAU

A justiça tem constituído um problema sério para a sociedade guineense. Em várias ocasiões, o seu papel é chamado a razão, baseando, sobretudo, nas respostas sobre determinadas questões que dizem respeito ao cidadão comum e passando por um quadro mais aberto e abrangente.

Da sua credibilização efectiva, perante os guineenses, olhando na sua desejada eficácia, que se traduz no acesso fácil e resposta rápida, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), com o apoio financeiro da União Europeia, através do Projecto de Apoio aos Actores Não Estatais (PAANE), desenvolve várias acções de sensibilização, que se consubstanciam em várias ações entre as quais a realização de entrevistas com diferentes atores e intervenientes no sector. 

Assim, o Projecto " Monitorização dos Tribunais teve uma entrevista com o Dr. Luís Peti técnico de um dos Centros de Acesso à Justiça em Bissau.


Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) – Do ponto de vista jurídico, como podemos definir o Acesso à Justiça?

Dr. Luís Peti, Vice Coordenador do Gabinete de Informação e Consulta Jurídica – o acesso à justiça é dar possibilidade as pessoas a terem acesso às instituições judiciárias competentes para administrar à justiça. E é nestas instituições, onde o cidadão é orientado sobre os direitos que lhe assiste. 

LGDH - na sua apreciação, acha que tem havido justiça aos cidadãos no país?
Dr. Luís Peti- existe sim, mas não de forma desejada pela população. Isto porque uma das queixas sobre a inexistência da justiça, tem a ver com a demora dos processos. Este fato justifica-se com trâmites normais que um processo deve seguir para conhecer a sentença. Contudo, em muitos casos, não se justifica tanta demora para determinar uma sentença.

Ora, para ser sincero, eu diria que a justiça tem tido seus obstáculos, nomeadamente a lentidão, fator de corrupção, falta de desconhecimento das leis pelos cidadãos. E mais, outros associam-se a falta de condições para o funcionamento dos tribunais, designadamente, desde gabinetes de juízes, esquadras de polícias até aos centros de detenções.  


                               Dr. Lúis Peti Vice-coordenador do Centro de Acesso à Justiça

LGDH - qual seria solução, então, para garantir uma justiça reconhecida pela população?

Dr. Luís Peti - justiça, enquanto espelho de um país, eu diria que a solução seria contornar todos os males que anotei, ou seja, isto passaria pela criação de condições de trabalho e de combate as más práticas que informam o sistema judiciário guineense.

LGDH – espreitando um pouco a sua experiência nos Centros de Acesso à Justiça, pode-nos apontar casos notórios com que os cidadãos são confrontados, sobretudo os de Bissau, enquanto capital do país?

Dr. Luís Peti- em maior parte, os frequentes casos de motivos de queixas, prendem-se com ofensas corporais, violação sexual no género e crianças e casos ligados a disputas de propriedades. É um quadro sombrio e preocupante que deve ser superado. Nestes esforços, vale dizer que temos tido apoio de RENLUV, uma das instituições vocacionada às questões dos direitos humanos e esquadras locais. Outrossim, porque não dizer que desencorajar atos de violação dos direitos humanos na nossa sociedade não se resume apenas no seguimento de acesso à justiça. Há que se contar mais com o apoio das diferentes organizações de respectivas comunidades a nível nacional, sobretudo, mediante as campanhas de sensibilização.