30 de janeiro de 2017

CARTA ABERTA ÀS AUTORIDADES NACIONAIS COMPETENTES, AOS PARCEIROS DE DESENVOLVIMENTO DA GUINE‐BISSAU E À COMUNIDADE INTERNACIONAL SOBRE UM PROJETO QUE AMEAÇA O PARQUE NATURAL DAS LAGOAS DE CUFADA



No dia 25 de janeiro 2017, numa acção concertada, a ONG TINIGUENA- e a LGDH enviaram uma carta aberta às autoridades nacionais para alertar sobre as consequências da construção de uma central eléctrica no interior do parque nacional das lagoas de Cufada com graves prejuizos ao ecossistema e direito fundamental ao desenvolvimento sustentado.

Não se pode exercer cidadania ambiental sem uma democracia ambiental, em que toda a organização do exercício do poder leve em consideração, de forma responsável, os dados e estudos ambientais. Nesse sentido ambiental, a democracia visa à gestão dos riscos e das situações de perigo, estabelecendo, além do desenvolvimento atual, um vínculo com as futuras gerações. 

No entanto, sem a conscientização da humanidade sobre o dever de conservar a vitalidade e a diversidade dos seres, sem o exercício do cidadão favorável ao equilíbrio ambiental é impossível concretizar o ideal de um meio ambiente sadio. Não basta que os Estados positivem o Direito Ambiental em suas Constituições. A mudança, o progresso, o desenvolvimento é responsabilidade de todos os seres humanos.

A natureza deve ser vista não apenas como fator de produção, mas como um meio para se atingir a qualidade de vida. As reflexões sobre essa temática resultam na constatação de que o verdadeiro desenvolvimento não é aquele que traz apenas riqueza material, estimulado pelo consumo e aumento do PIB, mas o que traz outro tipo de riqueza.

Compatibilizar meio ambiente com desenvolvimento significa considerar os problemas ambientais dentro de um processo contínuo de planeamento, atendendo-se adequadamente às exigências de ambos e observando-se as suas inter-relações particulares a cada contexto sócio-cultural, político, econômico e ecológico, dentro de uma dimensão tempo/espaço.

Neste sentido, as organizações signatárias desta carta--aberta exortam as autoridades nacionais competentes para que:

1º) Cumpram e assegurem o respeito pelas Leis e Convenções internacionais aprovadas e ratificadas pelo Estado guineense;

2º) Assegurem que nenhum abate extensive de árvores será feito no interior do Parque Natural de Cufada no âmbito deste projeto de central elétrica ou de qualquer outra iniciativa pública ou privada;

3º) Garantam a deslocalização da central e seus ramais para outra zona for a dos limites do parque, a definer após realização de estudos prévios de impacto ambiental e socioeconómico;

4º) Invistam seriamente em energia limpa e sustentável, encorajando o recurso à energia solar, favorecendo a criação de parques descentralizados e de baixo custo de fornecimento de energia renovável às populações e banindo progressivamente as centrais térmicas que são altamente poluentes e têm custos elevados em investimento, funcionamento e manutenção;

Para mais informações sobre a referida Carta Aberta ler aqui