3 de janeiro de 2017

A LGDH ENDEREÇA VOTOS DE FELIZ E PRÓSPERO ANO NOVO AOS SEUS ACTIVISTAS


Caros dirigentes e ativistas da LGDH

O ano 2016, foi se embora levando consigo factos e acontecimentos que traduziram em violações graves dos direitos humanos que constituem até hoje o pão de cada dia de alguns dignitários deste país, afectos às diferentes estruturas do poder.

Foi um ano a semelhança de outros, de instabilidade politica, que tem mergulhado o país em crises políticas, económicas e sociais e consequentes violações sistemáticas dos direitos humanos, tais como restrições de liberdades de manifestação, intensificação de casos de casamentos forçados e precoces, paralização constante do sistema de ensino e saúde, entre outros.

Como sabem, a história da Guiné-Bissau está infelizmente associada aos assassinatos, espancamentos dos cidadãos, detenções arbitrárias, entre outros casos que permanecem impunes, pois 2016, também não conseguiu sancionar os autores de tais actos que continuam a perturbar e ofender a nossa memória colectiva.

Sem pretender fazer um verdadeiro balanço do ano transato, 2016, foi um ano para esquecer, assistimos espancamentos de jornalistas, aumentos de assaltos à mão armada, agressoões físicas, corrupção a todos os niveis, enfim, um ano onde o extremismo político foi levado ao ponto de não retorno. De igual forma, assistimos o acentuar de ausência da autoridade do estado sobretudo nas zonas rurais, associadas ao aumento das praticas tradicionais nefastas, tais como, mutilação genital feminina e aumento dos niveis de violência baseada no género.

No que concerne aos direitos das crianças, a situação permanece na mesma, os mecanismos de proteção dos menores continuam a ser ineficazes. Todos os dias as crianças guineenses escapam o controlo das autoridades nacionais e, atravessam as fronteiras para Senegal e Gâmbia com o objectivo inicial de aprender o alcorão, acabando por cair nas malhas do tráfico de pessoas, em alguns dos casos, perdem mesmo as suas vidas. Paralelamente a isso, assistimos vários casos de agressões e maus tratos contra as crianças cujos autores ficam sempre impunes.
                              Activistas dos direitos humanos LGDH

Os ativistas dos direitos humanos nunca resignaram, pelo contrario, sempre enfrentaram todas as adversidades, pondo em perigo as suas próprias vidas e integridades físicas em nome da promoção e proteção dos direitos humanos.

Nem sempre as nossas posições são bem entendidas por todos, daí está a origem das mais diversas criticas, acusações de parcialidade, de defesa dos criminosos, incompreensões, enfim, do partidarismo.

Tais criticas e acusações, devem ser tidas em consideração não pelas suas veracidades, mas por refletirem a dimensão e nobreza do valor da promoção e proteção dos direitos humanos. Aliás, os valores e principios que enformam e guiam a nossa atuação, não estão ao alcance de todos, por isso é que torna mais difícil e espinhosa a missão de defesa da dignidade da pessoa humana.

Aqueles que querem trilhar no caminho do estrito respeito pela legalidade, do respeito pelos valores e principios axiológicos do estado de direito, do respeito pela dignidade da pessoa humana, saibam que podem contar com a nossa total disponibilidade e colaboração.

Contudo, os que voluntariamente decidiram enveredar pelas vias de violações dos direitos humanos, dos princípios democráticos, da manipulação e da instrumentalização, saibam que continuarão a ter a nossa forte oposição.  

Com este ano novo, a nossa esperança e expectativa é, a mudança de comportamentos dos governantes e dos cidadãos em geral, no que concerne a promoção e respeito pelos direitos humanos. Pois, só com a mudança de mentalidades, podemos trilhar no caminho da democracia, da paz e do desenvolvimento. Este objectivo, não pode ser alcançado sem um compromisso sério com os direitos humanos e de combate a impunidade.

Para o efeito, as autoridades nacionais são convidadas a abandonar a inércia e incapacidade, passando elas mesmas, a assumir a responsabilidade primária de promover e respeitar os direitos humanos. Os tempos de diversão já lá vão, os cidadãos não vão permitir que uns e outros, vergando o capote do estado, vilipendiar os direitos humanos tal como tem sido o hábito.  
Assim, todos os ativistas da LGDH são por isso interpelados e encorajados a se regaçarem as mangas para enfrentar mais uma vez, o desafio de proteger e defender os direitos humanos, fazendo de 2017, um ano de direitos humanos.

É uma luta infinita, perigosa, utópica, desgastante, espinhosa e incompreensível. Mas é também uma luta nobre, corajosa, justa e indispensável para nos inserirmos no caminho da civilização e da paz.

Para terminar, aproveitamos esta oportunidade para render uma justa homenagem à todos os (as) ativistas dos direitos humanos que tombaram em 2016, com especial destaque para a Sr. Malam Djafuno membro do Conselho Nacional da LGDH que deixou o mundo dos vivos no dia 30 de Outubro de 2016. Gloria eterna a sua alma e de demais outros ativistas que pereceram.

Votos de um bom ano a todos vocês e aos guineenses em geral!