Caros dirigentes e ativistas
da LGDH
O ano 2016, foi se embora levando consigo factos
e acontecimentos que traduziram em violações graves dos direitos humanos que constituem
até hoje o pão de cada dia de alguns dignitários deste país, afectos às
diferentes estruturas do poder.
Foi um ano a semelhança de outros, de
instabilidade politica, que tem mergulhado o país em crises políticas,
económicas e sociais e consequentes violações sistemáticas dos direitos humanos,
tais como restrições de liberdades de manifestação, intensificação de casos de
casamentos forçados e precoces, paralização constante do sistema de ensino e saúde,
entre outros.
Como sabem, a história da Guiné-Bissau está
infelizmente associada aos assassinatos, espancamentos dos cidadãos, detenções
arbitrárias, entre outros casos que permanecem impunes, pois 2016, também não
conseguiu sancionar os autores de tais actos que continuam a perturbar e
ofender a nossa memória colectiva.
Sem pretender fazer um verdadeiro balanço do ano
transato, 2016, foi um ano para esquecer, assistimos espancamentos de jornalistas,
aumentos de assaltos à mão armada, agressoões físicas, corrupção a todos os
niveis, enfim, um ano onde o extremismo político foi levado ao ponto de não
retorno. De igual forma, assistimos o acentuar de ausência da autoridade do
estado sobretudo nas zonas rurais, associadas ao aumento das praticas
tradicionais nefastas, tais como, mutilação genital feminina e aumento dos
niveis de violência baseada no género.
Activistas dos direitos humanos LGDH
Os ativistas dos direitos humanos nunca
resignaram, pelo contrario, sempre enfrentaram todas as adversidades, pondo em
perigo as suas próprias vidas e integridades físicas em nome da promoção e
proteção dos direitos humanos.
Nem sempre as nossas posições são bem entendidas
por todos, daí está a origem das mais diversas criticas, acusações de
parcialidade, de defesa dos criminosos, incompreensões, enfim, do partidarismo.
Tais criticas e acusações, devem ser tidas em
consideração não pelas suas veracidades, mas por refletirem a dimensão e
nobreza do valor da promoção e proteção dos direitos humanos. Aliás, os valores
e principios que enformam e guiam a nossa atuação, não estão ao alcance de
todos, por isso é que torna mais difícil e espinhosa a missão de defesa da
dignidade da pessoa humana.
Aqueles que querem trilhar no caminho do estrito
respeito pela legalidade, do respeito pelos valores e principios axiológicos do
estado de direito, do respeito pela dignidade da pessoa humana, saibam que
podem contar com a nossa total disponibilidade e colaboração.
Contudo, os que voluntariamente decidiram
enveredar pelas vias de violações dos direitos humanos, dos princípios democráticos,
da manipulação e da instrumentalização, saibam que continuarão a ter a nossa
forte oposição.
Com este ano novo, a nossa esperança e
expectativa é, a mudança de comportamentos dos governantes e dos cidadãos em
geral, no que concerne a promoção e respeito pelos direitos humanos. Pois, só
com a mudança de mentalidades, podemos trilhar no caminho da democracia, da paz
e do desenvolvimento. Este objectivo, não pode ser alcançado sem um compromisso
sério com os direitos humanos e de combate a impunidade.
Para o efeito, as autoridades nacionais são
convidadas a abandonar a inércia e incapacidade, passando elas mesmas, a
assumir a responsabilidade primária de promover e respeitar os direitos
humanos. Os tempos de diversão já lá vão, os cidadãos não vão permitir que uns
e outros, vergando o capote do estado, vilipendiar os direitos humanos tal como
tem sido o hábito.
Assim, todos os ativistas da LGDH são por isso
interpelados e encorajados a se regaçarem as mangas para enfrentar mais uma
vez, o desafio de proteger e defender os direitos humanos, fazendo de 2017, um
ano de direitos humanos.
É uma luta infinita, perigosa, utópica,
desgastante, espinhosa e incompreensível. Mas é também uma luta nobre,
corajosa, justa e indispensável para nos inserirmos no caminho da civilização e
da paz.
Para terminar, aproveitamos esta oportunidade
para render uma justa homenagem à todos os (as) ativistas dos direitos humanos
que tombaram em 2016, com especial destaque para a Sr. Malam Djafuno membro do
Conselho Nacional da LGDH que deixou o mundo dos vivos no dia 30 de Outubro de
2016. Gloria eterna a sua alma e de demais outros ativistas que pereceram.
Votos de um bom ano a todos vocês e aos
guineenses em geral!