No dia 21 de setembro, em Bissau, o Observatório da Paz – Nô Cudji Paz, em parceria com o Governo da Guiné-Bissau, comemorou o Dia Internacional da Paz, com o tema “A importância do diálogo inter-religioso na consolidação da paz e prevenção do radicalismo e extremismo violento". O evento, presidido pelo Primeiro-Ministro Eng.º Rui Duarte de Barros, reuniu 161 participantes, incluindo líderes religiosos das principais confissões religiosas do país (comunidades muçulmana, católica, evangélica e religião tradicional), diplomatas, membros do governo e da sociedade civil, destacando os desafios locais e regionais, como a instabilidade no Sahel e o aumento do extremismo violento.
A cerimónia incluiu uma apresentação musical do cantor bissau-guineense Binhan Quimor, que interpretou a canção "Paz", seguida de um momento ecuménico onde os líderes religiosos reforçaram a necessidade de diálogo inter-religioso para mitigar tensões étnicas e religiosas.
O Primeiro-Ministro enfatizou que a paz é um esforço contínuo e destacou a crescente influência do extremismo violento na África Ocidental, reforçando a necessidade de iniciativas como o Observatório da Paz para promover o diálogo e fortalecer a coesão social. O Eng.º Rui Duarte de Barros sublinhou, igualmente, que o desenvolvimento integral do país depende da promoção de uma cultura de paz fundamentada nos direitos humanos, justiça e inclusão.
Segundo o Chefe de Governo, “nos últimos dois anos e meio, o Observatório da Paz tem sido de facto, não só uma iniciativa inovadora de diálogo entre diferentes atores nacionais, mas, também, de formação e reforço de capacidades de diversos segmentos da sociedade, nomeadamente, dos líderes religiosos, tais como Imames, Padres, Pastores, das mulheres, jovens, jornalistas, entre outros”. Para Rui Duarte de Barros, “enquanto cidadão atento, e Chefe do Executivo em particular, tenho acompanhado as dinâmicas de aproximação e de partilha de visões entre os nossos líderes religiosos sobre diversos assuntos da sociedade, facilitadas pelo projeto Observatório da Paz.”
Nas suas notas finais, o Primeiro-ministro expressou que “o Governo aguarda com expectativa e total abertura, a colaboração e o apoio do projeto Observatório da Paz, com vista a dotar o país de uma Estratégia Nacional de Prevenção do Radicalismo e Extremismo Violento, em cumprimento das Recomendações do Secretário-Geral da ONU”.
O Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Bubacar Turé, considerou que a escolha do tema das celebrações deste ano baseou-se na firme convicção de que o diálogo inter-religioso é um elemento fundamental para a superação da intolerância religiosa. Para o ativista, “o diálogo entre religiões significa a convivência pacífica entre os mais diversos caminhos espirituais e a sua contribuição é fundamental para a paz entre os diversos povos que habitam na casa comum”.
Bubacar Turé destacou que a efetividade da paz depende em grande medida da satisfação dos serviços sociais básicos, ou seja, deve consubstanciar-se na criação de condições que permitam o acesso aos serviços sociais básicos, nomeadamente, à educação de qualidade e acessível a todas as crianças, responder aos desafios do acesso a água potável, saneamento básico e energia elétrica nas cidades e nas nossas tabancas. Os desafios de acesso à saúde de qualidade, os desafios de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, de inclusão, ou seja, de proteção dos direitos das pessoas com deficiência. Os desafios da estabilidade governativa, os desafios da proteção dos direitos humanos e do livre exercício das liberdades fundamentais asseguradas pela Constituição, bem como os desafios de combate à corrupção e à impunidade, os desafios de acesso à justiça célere, justa, independente e previsível, os desafios de consolidação da democracia e do Estado de Direito. É na resposta a estes desafios que construímos a paz.